Editorial: Ainda damos valor demais aos EUA

Na última semana, um dos maiores portais de música pop do país publicou um artigo sobre o desempenho de alguns álbuns em suas respectivas semanas de estreia. Com o título “Veja alguns dos álbuns pop com as piores semanas de lançamento de 2017 nos EUA”, a matéria coloca El Dorado sob a alcunha de “flop”, pelas modestas 22 mil cópias puras vendidas no país nos seus primeiros sete dias. Apesar do número ser aparentemente baixo, foi a melhor estreia de um álbum latino em dois anos, se considerarmos as vendas totais equivalentes, que saltam para 33 mil, de acordo com a Billboard. Os charts da Billboard americana sempre foram o principal termômetro dos veículos do Brasil, para medir o sucesso ou fracasso de trabalhos de artistas internacionais. Isso nos fez pensar: será que não estamos superestimando o valor do mercado americano para a carreira de artistas verdadeiramente globais, como Shakira?

Não há dúvidas de que os EUA são hoje o maior mercado fonográfico do mundo. Só na primeira metade de 2017, a indústria do setor movimentou cerca de US$ 4 bilhões no país, quase um terço de todo o faturamento  do mercado de música gravada do mundo no ano passado, de acordo a Federação Internacional de Música Gravada (IFPI). Muitos artistas do mainstream acabam consolidando suas carreiras na terra de Donald Trump e enxergam os outros mercados apenas como expansão. Diversos cantores recordistas de vendas, fizeram fama e fortuna por lá e, apesar de serem conhecidos em outros territórios, veriam seus recordes despencarem se tirássemos os EUA da equação. Um exemplo recente é o da cantora Taylor Swift. Seu último álbum, Reputation, já é um fenômeno de vendas. Segundo a Nielsen Soundscan, o disco vendeu cerca de 1,2 milhão de cópias na primeira semana nos EUA. Já no mundo todo, a United World Charts (UWC) registrou vendas de um pouco mais de 1,6 milhão de cópias. Isso significa que 75% das vendas do Reputation estão concentradas apenas nos EUA. E ainda que 400 mil cópias no resto do mundo não seja um número ruim para o atual cenário da indústria musical, colocaria a cantora num patamar bem abaixo do que se encontra hoje. Quando consideramos exemplos de outros artistas, a lógica é a mesma.

Uma das poucas exceções à essa realidade é a colombiana Shakira. A estrela latina construiu sua carreira, ao longo dos anos, focando em diferentes mercados.  “Shakira é uma das poucas artistas verdadeiramente globais. Ela pode vender música e bilhetes em quase todos os cantos do globo”, disse Jason Garner, chefe global de música da Live Nation, na época da contratação da artista para o casting da gigante do entretenimento. Segundo sua gravadora, a artista já vendeu mais de 125 milhões de álbuns e singles em todo o planeta. Nos EUA, foram 25 milhões de discos e singles, de acordo com a Nielsen Soundscan (dados de 2014). Isso significa que o mercado norte-americano é responsável por apenas 20% de suas vendas. Se excluíssemos o país dos números da artista, ela ainda teria impressionantes 100 milhões de cópias vendidas ao redor do globo.

Hoje, nós nos habituamos a medir o sucesso dos artistas internacionais que gostamos pelos charts americanos, mas com Shakira não deveria ser assim. Enquanto nos EUA, o single She Wolf (2009) atingiu apenas a 11ª posição na Billboard Hot 100, em outros mercados importantes, a música conseguiu alcançar diversos top 5, como o 1º lugar no México, 2º lugar na Espanha e Alemanha e 3ª no Brasil, França e Itália. Um outro exemplo marcante é o do single “Loca”, do álbum Sale el Sol. A canção figurou na 32ª posição nos EUA, mas nas tabelas de outros países, que estão entre os 10 maiores mercados fonográficos do mundo, a faixa alcançou posições de destaque: #1 (Espanha, Itália, Bélgica e Suíça), #2 ( França), #6 (Alemanha). Mas o caso mais emblemático foi o do hino da Copa do Mundo de 2010, Waka Waka (This Time for Africa). Na terra do Tio Sam, a música foi #38 na Hot 100 da Billboard, mas colecionou um monte de #1 mundo a fora. A canção ocupou o posto mais alto dos charts de países como Alemanha, Austrália, Áustria, Bélgica, Espanha, França, Hungria, Irlanda, Israel, Itália, Luxemburgo, Holanda e Suíça, entre outros.

A colombiana é um verdadeiro fenômeno global. Ainda que seus pares na indústria debutem seus discos e canções em melhores posições nas paradas da Billboard, Shakira conseguiu fazer seu nome chegar ao topo nos mais diversos cantos do planeta. Pese a importância do maior mercado musical do mundo, é difícil achar uma artista que pode se dar o luxo de dispensar o gigante da indústria fonográfica sem sofrer um impacto monstruoso. Shakira pode!

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