Shakira: “Sou feminista e acredito que devemos avançar mais rápido com a igualdade de direitos”

Cumprindo uma agenda de compromissos voltados ao lançamento de sua mais nova fragrância, Dance Midnight, a cantora colombiana falou com diversos meios de comunicação durante os últimos meses de 2020. Em recente entrevista divulgada pela revista Marie Claire, ela soltou o verbo e falou sobre temas como a pandemia, feminismo, política e maternidade.

Confira a entrevista completa traduzida pela equipe do Shakira Brasil.

Shakira dança como poucas, canta e entretém seus milhões de fãs em todo o mundo. Mas além disso, busca concientizar, se compromete com causas sociais e sempre que pode usa sua voz para dizer muito mais do que se espera dela. E como se tudo isso fosse pouco, a superestrela e mãe de Sasha e Milan ainda tem uma bem sucedida linha de fragrâncias. “Meus perfumes geralmente condizem com meus momentos musicais. Dance Midnight explica minha conexão com a música desde meu início, que foi através da dança. Antes de descobrir minha própria voz e minha capacidade como compositora, descobri a dança, que é algo muito mais primário e menos intelectual”, diz ela, direto de Barcelona.

  • – Quando te propuseram lançar uma fragrância pela primeira vez, lhe pareceu uma loucura ou uma ideia genial?
    – Me pareceu um projeto que fazia sentido para mim porque sempre fui uma pessoa muito olfativa. Sou como um roedor, posso sentir um cheiro à distância (risos). Sempre gostei das fragrâncias, mas não conseguia uma com a qual me sentisse identificada. Então, quando me deram a oportunidade de jogar e criar meu próprio perfume, foi maravilhoso.
  • Como você está vivendo este momento da pandemia?
    – Esta é uma situação de mudanças sísmicas, internas e externas. Cada um a vive de uma forma muito pessoal. Se adaptar foi imprescindível para conviver com a realidade. Neste processo, aprendemos a reorganizar as prioridades, a valorizar aqueles ao nosso redor e sentir falta dos que não estão perto.
Entrevista Shakira
  • Isso te causa medo ou angústia?
    – Tenho certo otimismo porque penso e espero que logo logo chegará a vacina. E torço para que milhões de pessoas que precisam dela possam tomá-la.
  • Desde que você começou até agora, o mundo da música mudou muito. Como você lida com esta reinvenção?
    – A música foi o veículo através do qual fui me descobrindo como pessoa e como artista. Os tempos mudam e minha música também. Não quero me repetir, nem acredito em fórmulas pré-determinadas. Tenho sido tão livre o quanto pude. Cometi erros, falhei e aprendi com eles, tentando sempre ser melhor, embora nem sempre tenha conseguido (risos).
  • De onde tira esta vontade e este otimismo que te caracterizam?
    – Não sou tão otimista sempre. Sou uma mistura estranha de mulher positiva e negativa (risos). No fim das contas, acho que há uma vozinha que me diz que as coisas vão ficar bem. Sou muito sofredora, às vezes penso que tenho que padecer para conseguir o que quero. Sem dúvidas é a culpa católica com a qual foi criada.
  • Como você enxerga o que aconteceu no mundo inteiro, especialmente na América latina com os movimentos feministas?
    – (pensa). É interessante quando falo sobre este assunto com meu filho mais velho, de 9 anos, que tem muito interesse por história. Nisso ele puxou a mim! Ele sempre quer saber o que aconteceu no passado, se interessa pelo franquismo, política, me pergunta o que é democracia… Quando falamos sobre todas as etapas na história do ocidente em que a mulher não contava com os mesmos direitos que os homens, ele fica com olhos arregalados, não consegue acreditar… É curioso ver isso a partir dos olhos de uma criança, ainda mais uma que vive no primeiro mundo. Acredito que hoje a mulher tem um lugar vital na sociedade, mas ainda há muito o que fazer, especialmente em diversos lugares do mundo.
  • Você se definiria com feminista?
    – Sim, me considero feminista. Me importa muito que as meninas desfrutem das mesmas oportunidades que e educação que os meninos, porque a desigualdade começa muito cedo, sobretudo em algumas partes do mundo onde as meninas não frequentam a escola então se torna muito difícil que superem esta desigualdade e assumam a renda de suas próprias vidas. É inacreditável que no ano 2020 ainda estejamos lutando para que metade da população possa gozar dos mesmos direitos que a outra. Precisamos progredir muito mais rápido.
  • Há pouco tempo você escreveu uma nota para a revista Time sobre a crueldade das políticas de imigração dos Estados Unidos, que nos últimos anos separaram mais de 2500 famílias nas fronteiras e que fizeram com que 545 crianças continuem sem poder estar juntos com seus pais. Por que fez isso?
    – Quis usar minha voz. Me parece uma situação injusta e absolutamente terrível. É inacreditável que isto aconteça hoje, neste século, em uma nação que é conhecida como o país da liberdade. Me alivia saber que agora pelo menos os Estados Unidos estão nas mãos de alguém mais civil e compassivo, mais decente e que ao menos se preocupa com as mudanças climáticas e tem experiência no assunto. Ele tem muitos desafios adiante e espero que possa cumpri-los com a responsabilidade apropriada. Voltando às crianças, acredito que precisam encontrar seus pais e espero que com a gestão Biden, não sejam esquecidos
  • Que outros temas te preocupam atualmente?
    -O meio ambiente é uma das minhas grandes preocupações. Me envolvi com este assunto além do meu trabalho com a educação, porque é urgente. Inclusive meus filhos me perguntam isso e me dou conta de que esta geração será a que decidirá o futuro do planeta. Por isto me juntei a uma campanha do príncipe William da Inglaterra para buscar soluções inovadoras aos desafios das mudanças climáticas até 2030 e para educar os jóvens de hoje, pois este será um dos objetivos mais importantes para eles.
  • – E quais são os seus maiores desafios?
  • – Agora mesmo meu maior desafio é manter o equilíbrio entre ser mãe, minha carreira e os diferentes projetos que tenho em movimento para o próximo ano e o seguinte. Este ano aprendi a parar e olhar as coisas de outra maneira. Acho que me serviu para dar a importância que as coisas realmente têm.
  • Quais são estes planos?
    – Estou no processo de criar música e espero poder começar a compartilhá-la durante 2021. Escrever é um processo de catarse para mim, e acredito que será um bom momento para me expressar depois deste longo ano de reflexão.

Texto: Fernando Gomez Dossena

Para ler o artigo original em espanhol, clique aqui.

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