Entrevista: As lágrimas de Shakira durante seu concerto em Bogotá

Shakira Brasil transcreve entrevista exclusiva dada pela cantora à Rádio La Mega FM da Colômbia. Na conversa com Alejandro Villalobos, Shakira conta sobre a emoção de cantar em casa, fim da turnê e o trabalho de edição do seu próximo DVD

Shakira encerrou sua El Dorado World Tour com um show carregado de emoções no último sábado (03). A cantora lotou o Parque Simón Bolívar, em Bogotá, e cantou seus maiores sucessos para um público de cerca de 30 mil pessoas. A Rádio La Mega FM aproveitou a curta da artista no país – Shakira voou para Barcelona na segunda-feira (05) – para bater um papo com ela e descobrir o motivo do choro emocionado, após a singela performance de “Antología”. Shakira aproveitou a conversa com o diretor da rádio, Alejandro Villalobos, para relembrar os tempos antigos da carreira, em que exaltou seu esforço e determinação, o novo DVD e ainda mandou um recado para o atual presidente colombiano, Iván Duque. Confira a entrevista, transcrita e traduzida pela equipe do SBR.

Shakira e Alejandro nos bastidores da entrevista para a Mega FM.

***

Alejandro: E então Shakira você esteve este fim de semana terminando sua turnê mundial El Dorado. Shakira te vi emocionada, te vi chorando com sua “Antología” e com seu povo. O que aconteceu? Conte-nos sobre este momento tão lindo, que não aguentou e chorou.

Shakira: Foi inevitável. Mas tratava de me segurar. Bem, comecei a me emocionar desde “Estoy Aqui”, quando já vi todo esse publico, aí tão entregue, tão amoroso comigo, tão fiel, ah (suspiro), me vieram algumas lagrimas aos olhos e disse a mim mesma, “vai desafinar, vai desafinar”. Eu não posso chorar e cantar ao mesmo tempo, porque a voz não sai ou então começo a cantar muito desafinada. Então trato de me controlar. Mas depois de Antologia eu não pude evitar. A emoção de ver esse carinho, esse carinho do meu povo. Acredito que não poderia ter melhor maneira de encerrar essa turnê do aqui na Colômbia, aqui em Bogotá, cercada do meu povo.

Alejandro:  Isso foi uma casualidade?

Shakira: Foi uma casualidade, veja bem, foi uma casualidade. E acredito que são presentes da vida também. Porque foi meu último show da turnê. E senti que era um dos mais importantes de toda a minha carreira esse concerto aqui em Bogotá.

Alejandro: Queria te perguntar isso. Você diz ser casualidade o fato de ser o último. Até aí, tudo bem. Mas você disse com muita enfase, te vi dizer com certa insistência, que foi o concerto mais importante de sua turnê. Por quê? Pelo inicio que teve o tropeço com sua voz? Conte-nos!

Shakira: Por muitas razões. Primeiro, porque El Dorado já sabemos que é uma lenda colombiana, uma lenda que começou aqui. Aqui se iniciou essa ideia, esta viagem e aqui teria que terminar, que concluir. Eu acredito que isso foi mágico, ninguém de nos esperava que fosse assim. Mas tudo coincidiu para que as coisas fossem assim.

E tive muitíssimos obstáculos, eu acredito que esse caminho a El Dorado foi uma corrida com obstáculos. Precisamente antes dos concertos, desde o minuto um me passaram tantas coisas na cabeça, bem, com relação a voz, confesso que foi uma das coisas mais difíceis e dolorosas que já passei na vida. Todos os médicos me diziam que eu não iria me curar sem uma cirurgia. Já sabemos os riscos de uma cirurgia, podia perfeitamente nunca mais voltar a cantar. Estive assim comigo mesma durante muito tempo, havia dias em que eu não podia nem levantar da cama, diante da tristeza que sentia.

Alejandro: Chorou? Chegou a chorar sozinha? Angustiada?

Shakira: Sozinha, com Gerard. Tentando que meus filhos não me vissem chorar. Claro, foi muito difícil. Mas sabe o que me manteve firme? O que me sustentou foi o carinho das pessoas. Eu sabia que havia muitas pessoas enviando suas boas vibrações, suas boas energias. Muitos orando pela minha recuperação. E acredito que tudo isso, sinceramente, todo esse amor que me enviaram e que senti mais que nunca em toda minha vida, em toda a minha carreira, foi o que me curou. Foi um milagre. Por isso essa turnê foi diferente de todas as outras. Cada noite no palco era como se fosse a última e a primeira também. Cada noite no palco havia algum momento em que olhava para o céu e dizia “obrigado, obrigado”. Os seres humanos são assim, às vezes não sabem o que tem até estar a ponto de perder. E creio que às vezes tem gente que não se dá por satisfeito com as coisas boas que tem na vida. Mas meu público é um tesouro para mim. Seu carinho é um carinho sincero, é uma fidelidade incondicional. Eles me acompanharam nas boas e nas más horas, em toda a minha busca artística, tanto anos…

Alejandro: Você se dá conta? Já se passaram quantos anos, 25, desde que começou? (…) Já se passaram 20 anos, talvez um pouco mais. E talvez seja muito fácil olhar pára trás e ver que nem faz tanto tempo e ao mesmo ver que já percorreu muito, que teve sorte, para além do seu talento e de sua forma de ser, claro.  Como descreve essa magia?

Shakira: Foi uma combinação de coisas. Mas eu acreditei no meu destino, lutei por ele, lutei com unhas e dentes. Trabalhei com suor e lágrimas. Sou muito trabalhadora e isso ajudou. E tive a sorte, também, de contar com uma boa equipe de trabalho. Mas nem sempre foi assim. Sabe, tem gente que passa na sua vida e deixa coisas boas, mas tem gente que não deixa nada. Mas posso me considerar muito sortuda hoje pela equipe de pessoas que trabalham para mim. Mulheres extraordinárias, trabalhadoras, inteligentíssimas. Como as mulheres de hoje em dia o são. Além disso são meu suporte. Elas foram meu suporte durante toda a turnê também. O que posso te dizer? não sei qual é a receita… eu acredito que do êxito…êxito e fama são duas coisas distintas. Muitos de nós podemos aparecer na TV, mas não sermos exitosos, porque não estarmos felizes com o que fazemos. Mas quando você está realmente feliz com o que faz, seja o que for (…), isso para mim é ser exitoso. E para mim, [ser exitoso] realmente é amar o que faz e ter alguma determinação, uma força para lutar, apesar das dificuldades.

Alejandro: E você sempre foi assim desde que começou. Eu me lembro que diziam: “não, está chateada porque queria gravar com um microfone especial, logo essa menina que só gravou 12 LPs (…)”. Você sabia para onde ia, sabia o que queria.

Shakira: Eu tinha intuição. Aquela intuição feminina. Para os homens era difícil quando dizia: eu tinha razão. (…) Mas no final sempre se davam conta de que estava certa.

Alejandro: E então, de ferias agora? Vai para Barcelona se encontrar seus filhos, com Gerard?

Shakira: Sim. Mas férias, nem tanto. Tenho alguns compromissos. Agora vamos começar a preparar a edição das filmagens do meu concerto que fizemos em Los Angeles e isso vai me tomar um certo tempo. Já me conhece. Vou entrar na sala de edição e dizer: isso sim, isso não. E arrumamos aqui, etc. E, sobretudo, vou me dedicar aos meus filhos. Tenho muita vontade de vê-los de estar com eles. Eles me acompanharam em boa parte da turnê, mas já começou o colégio e não posso tirá-los da sua rotina. Por isso decidi fazer uma turnê tão curta, porque realmente é uma turnê bem curta.

Alejandro: Mas Mundial, passou pela Europa, Estados Unidos, América do Sul…

Shakira: Até Sasha e Milan me disseram: “mamãe já chega de concertos, já está na hora de ficar com a família”. E eles têm razão. Milan recentemente disse a um amiguinho: “Minha mamãe está triste porque estão acabando os shows, mas está muito feliz porque vai estar conosco”. Ele já entende o conceito de agridoce.

Quando eu saí do palco [em Bogotá] me passou uma coisa estranha: comecei a chorar e a rir, depois do show, porque era uma mistura de “consegui”, “nós fizemos” e estava feliz por isso, mas chorei também, porque pensava quando vou poder voltar a vê-los [ao público], e já sinto falta. No dia do concerto eu tentava memorizar cada um dos momentos mais especiais e gravá-los. Quando caíam os confetes, ia fazendo fotos mentais. Cada rosto dos meus fãs, momentos que ficaram tatuados na memória e que vão perdurar ate a próxima turnê. Assim espero.

Alejandro: Minha querida, foi linda a turnê, lindo encerramento e você continua sendo ‘colombianíssima’ e seu coração continua colombiano. Você se preocupa muito com o seu país, nós sabemos disso. E sabendo de tudo o que passamos nos últimos anos, se tivesse a oportunidade de dizer algo ao nosso novo presidente, não conselhos, algo com teu coração colombiano, o que diria?

Shakira: Que trabalhemos juntos pela educação, que reforcemos os investimentos na infância, na primeira infância. Que é o o que estão fazendo todos os países ou todos os governos que sabem que esse é o futuro, e que o futuro já está batendo à porta. Que as crianças crescem rápido e que temos que pensar em oferecer igualdade de oportunidades a todos, se quisermos realmente um país em paz. Então se falamos da paz , se quisermos uma paz duradora, uma paz sustentável, temos que pensar nas bases, sustentar as bases dessa paz. E a educação é o que nos faz iguais.

Ouça a entrevista original, em espanhol, completa:

 

 

 

 

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