Coluna: Shakira desistiu de se ‘relançar’ comercialmente em inglês?

Levi Tavares – Não há como negar: existe um burburinho enorme em torno do nome de Shakira. A estrela colombiana está no centro dos holofotes com a iminência do seu aguardado show de intervalo do Super Bowl, ao lado de sua colega Jennifer Lopez. No dia em que completa 43 anos de vida, a cantora chega ao palco grande em Miami para entoar os hits que coroaram sua exitosa carreira. Ainda era setembro quando o anúncio foi feito e só por anunciar estar no evento, o nome da cantora foi direto para o topo dos assuntos mais comentados do Twitter global.

Ninguém tem dúvidas de que estar no Super Bowl é uma baita vitrine para artistas do mainstream e nas palavras da própria Shakira ele é “o santo Graal da indústria fonográfica”. Estrelas como Madonna, Beyoncé, Lady Gaga, Coldplay, Bruno Mars, Maroon 5 e Justin Timberlake aproveitaram sua aparição na final da Liga Americana para explodir seus trabalhos e alavancar ainda mais a carreira. Com Shakira não deve ser diferente. Mas na contramão das expectativas e da lógica, a colombiana escolheu lançar um single em espanhol semanas antes do evento. A empolgante “Me Gusta”, uma parceria com o porto-riquenho Anuel AA, foi a aposta da cantora pré-evento. E de cara, isso suscitou uma dúvida cruel na cabeça deste colunista: por que não uma faixa em inglês?

Com uma audiência de mais de 100 milhões de expectadores nos EUA, o Super Bowl seria a plataforma ideal para Shakira explorar o mercado norte-americano fora do eixo latino, com um lançamento inédito. Mas ela não o fez. A barranquillera não lança um hit comercial na língua de Charles Dickens há pelo menos uns seis anos. Sua última incursão foi em 2014, com seu álbum homônimo, que rendeu músicas como Can’t Remember to Forget You, Empire e Dare (La La La). A recepção morna dos singles e a era interrompida pela gravdiez do seu segundo filho, podem ter desanimado Shakira de apostar na ‘América’. Há algumas evidências que TALVEZ corroborem minha linha de raciocínio.

RCA, cadê você?
A primeira delas esbarra na RCA. Desde 2012, a colombiana tem um contrato para três discos de inéditas que envolve um acordo de distribuição com a Sony Music Latin Iberia e a RCA Records. Esta fica responsável pelo catálogo em inglês da artista, enquanto a Sony Latin pelos trabalhos voltados para o público latino, os majoritariamente em espanhol.

Em uma olhada rápida pelas páginas da gravadora de Nova York seria difícil imaginar que Shakira faz parte da RCA. No site oficial da casa discográfica, a colombiana aparece entre os artistas do seu casting, mas a última menção a ela foi em março de 2015, em um release sobre uma entrevista para a Revolt TV por ocasião do mês das mulheres. Desde então, parece que a estrela latina desapareceu para eles. Nas redes sociais da casa NÃO HÁ qualquer publicação recente em referencia à Shakira. Difícil imaginar que a gravadora ignoraria tantos fatos relevantes que aconteceram e vêm acontecendo na carreira de uma artista mainstream do seu casting nos últimos anos, como Grammys e um Super Bowl. A não ser que a RCA tenha sido excluída da equação, que engloba Live Nation e Sony Music Global. A coluna entrou em contato com a assessoria da gravadora, mas até o fechamento desta matéria não obtivemos resposta.

(Shakira entre os artistas no site da RCA Records. Print em 28/01/2020.)

Shakira não é a única artista que tem um acordo de distribuição que aporta duas subsidiárias da Sony. Sua colega Becky G, por exemplo, também tem seu material distribuído pela RCA e Sony Latin, mas diferente de Shakira, seus lançamentos são divulgados também pela RCA, inclusive os em espanhol.

Pulando Fora do Barco
Shakira não grava um single comercial em inglês desde 2014, mas esse jejum poderia ter sido menor. Estava em seus planos o lançamento de pelo menos duas faixas inéditas para álbuns de outros artistas, mas a colombiana pulou do barco no meio do caminho. Os motivos, nós relés mortais desconhecemos e talvez nunca saibamos o porquê dela ter abandonado os vocais de “Mad Love”, de Sean Paul e David Guetta, sendo coincidentemente substituída por Becky G; e de “Skrt On Me”, de Calvin Harris e Nicki Minaj.

O Boom da Música Latina
A colombiana não deixou totalmente de gravar em inglês neste período, é verdade. Em seu álbum mais recente, El Dorado, há três faixas no idioma, mas nenhuma com potencial de single comercial. Desde 2016, a música cantada em espanhol, sobretudo do gênero urbano, tem experimentado um boom de popularidade sem precedentes. O fenômeno Despacito e os hits que o sucederam têm dado a tônica nas plataformas de streaming e colocado artistas como Daddy Yankee, J Balvin, Ozuna e Bad Bunny para brigar pelos postos mais altos com artistas anglo nas listas de popularidade mundo afora. O mercado fonográfico vive um momento em que não é preciso mais gravar em inglês para alcançar uma audiência global. Os tempos são outros daqueles de 2001, quando Shakira fez seu invejado crossover com um álbum majoritariamente em inglês e que vendeu mais de 13 milhões de cópias.

E a figura mais ilustre de Barranquilla tem o mercado de música latina aos seus pés. Ela é a expoente máxima do gênero. Tudo o que lança em espanhol vira ouro. Seu disco Sale el Sol (2010) vendeu mais de 4 milhões de cópias, em uma época em que a música latina não estava na moda. El Dorado (2017) explodiu nas plataformas de streaming com mais de 6 bilhões de reproduções combinadas, se tornando um dos álbuns femininos mais bem-sucedidos do seu ano em nível global. Ele foi o motor para uma exitosa turnê mundial, que lotou estádios e arenas em três continentes e atraiu quase 1 milhão de pessoas. Hoje, Shakira pode abrir mão, se quiser, de gravar em inglês para atingir seu público sem fronteiras. A língua deixou de ser uma barreira.

Essa “comodidade” e tendência de mercado também podem ter pesado na decisão de Shakira de não lançar um single em inglês às portas do Super Bowl. Este colunista que vos fala não sabe se ela ainda tem intenção de apostar em um hit feito para vingar na terra do Tio Sam nos próximos meses. Mas fato é que ela pode se dar o luxo de não fazê-lo e, não importa o idioma, Shakira ainda tem muito a oferecer a seus fãs e a sua audiência espalhada pelos quatro cantos do planeta.

*** As opiniões expressas nesta coluna são de inteira responsabilidade do autor e não expressam parcial ou totalmente a visão do Shakira Brasil.

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