Da Redação – O ano de 2021 já vai chegando aos seus últimos dias. Entramos na reta final de um ano atípico para a indústria fonográfica. A pandemia de COVID-19, que veio se arrastando desde o ano passado, minou as apresentações ao vivo em vários cantos do planeta e alterou o planejamento de diversos artistas. Se não estivêssemos em pandemia, muito provavelmente, Shakira estaria agora em uma turnê mundial e talvez até já tivêssemos escutado seu novo álbum. Mas nos 10 meses que se seguiram deste 2021, a colombiana lançou apenas uma música inédita, a eletrônica Don’t Wait Up. Diferente de muitos de seus colegas, a cantora se limitou a lançar apenas uma música de trabalho e deve reforçar seu repertório com mais força somente no próximo ano. Ainda assim, os seus números nas plataformas de streaming são gigantescos.
Nos últimos 12 meses (novembro a setembro), foram mais de 3 bilhões de visualizações em seus vídeos no Youtube, segundo dados da plataforma. No Spotify, o número de reproduções das suas músicas já ultrapassa 1 bilhão, somente neste ano. E a contribuição do seu single mais recente nesta conta veio de forma modesta. O vídeo oficial da canção possui um pouco mais de 36 milhões de visualizações e o áudio da música no Spotify soma 32 milhões de plays. Mesmo assim, ela é a 58ª artista mais ouvida do mundo na plataforma de aúdio e seu canal de vídeos no Youtube permanece como o 5º mais visto do planeta.
Para alcançar números similares, artistas novos do mainstream precisam acumular lançamentos de tempos em tempos. Fazendo um recorte do segmento latino, não é raro vermos cantores fazendo lançamentos consecutivos e muitas das vezes simultâneos, publicando novas músicas em um intervalo de semanas. Alguns chegam a lançar dois ou três albuns no mesmo ano. O volume de novas canções é extraordinário. Na contramão, Shakira consegue se manter em alta, com números expressivos de streaming mesmo lançando muito pouco e sem demandar grandes esforços em promoção.
O segredo da colombiana está na atemporalidade do seu catálogo. Os fãs continuam engajando seu repertório de anos e até de décadas atrás. Aqueles clássicos que já não tocam nas rádios são facilmente encontrados a um clique dos buscadores das plataformas. Sendo assim, não surpreende que “Hips Don’t Lie” (2006) tenha mais ‘streams’ no Spotify que o mega hit Chantaje de 2016. A primeira conta com mais de 874 milhões de plays e o número não para de crescer. É a música mais popular da artista no serviço atualmente. A segunda tem cerca de 100 milhões a menos e aparece com 756 milhões. Das 10 músicas mais populares da cantora na plataforma hoje, metade delas foi lançada antes do boom do Spotify.
“Estoy Aqui”, lançada há quase 30 anos, já beira as 100 milhões de reproduções. A balada romântica “Antologia”, também de 1995, supera esse número com folga, totalizando mais de 115 milhões de execuções, isso sem contar as versões ao vivo da faixa. Clássicos da discografia da artista de diferentes épocas também superam com folga a marca de 100 milhões de plays: Inevitable (1998), Whenever, Wherever (2001), La Tortura (2005), She Wolf (2009), Loca (2010) e Can’t Remember to Forhet You (2014), apenas para citar alguns.
No Youtube a lógica também é parecida. Apesar dos maiores fluxos virem dos sucessos mais recentes, os clássicos continuam contribuindo para o grande número de execuções da artista. Waka Waka, de 2010, por exemplo, é o segundo vídeo mais visto de Shakira nos últimos 12 meses, com 537 milhões de visualizações, atrás apenas de Girl Like Me (2020), que somou 579 milhões. Entre os 10 vídeos mais vistos no período, seis foram lançados antes de 2015.
Uma comunicação assertiva, presença forte nas redes sociais e um bom gerenciamento de repertório parecem ter sido fatores decisivos para o interesse contínuo no catálogo de Shakira. Como prova do seu bom desempenho e consequente valor de mercado, todo o catálogo de obras da colombiana foi comprado no início do ano por um fundo de investimentos britânico, que agora fica responsável por extrair o melhor do potencial rentável da criação da artista. Um movimento de mercado que tem adquirido a gestão do catálogo de algumas super estrelas.
O fenômeno de streamings de Shakira a permite se movimentar de forma diferente das novas estrelas do pop. Ela não precisa lançar música atrás de música para gerar volume de execuções, seu catálogo já o faz por si só. Seus lançamentos servem para manter sua legião de fãs continuamente interessada e para aumentar a sua base de ouvintes. Suas músicas novas também têm a função de despertar o interesse da audiência para a nova série de shows que ela pretende mostrar ao mundo nos próximos anos. O mercado especula que a cantora deve se apresentar no Brasil no primeiro trimestre de 2023, quando acredita-se que a pandemia já estará controlada.
E números não mentem. Os bilhões de streamings que a cantora acumula ano a ano são um preditivo que ela ainda se manterá vigente por muito tempo.