Rolling Stone: Shakira passou por um inferno. Agora vive sua melhor fase 

Shakira enfrentou desafios que poderiam ter derrubado outro artista, mas esse nunca foi o seu estilo. O caminho de uma superestrela de volta ao topo. 

Texto de Julyssa Lopez para a Rolling Stone, traduzido pela equipe do SBR. 

Estamos indo para uma Dunkin [loja de Donuts] na Lamborghini roxa de Shakira. É uma tarde seca e sem vento em Miami, e acabamos de sair dos escritórios da Sony Music, onde Shakira atendeu a um montão de chamadas e reuniões. Agora lhe resta um pouco de tempo livre antes de ter de ir buscar os filhos no colégio, assim vamos na “Lambo”, sem dúvida o carro mais chamativo que Shakira já teve na vida: “Não tem nada de sutil ou chique”, comenta alegre. O interior está decorado com um verde neon brilhante porque é a cor que um dos seus filhos gostava. Se vai fazer alguma coisa com eles, utiliza seu modesto Toyota Siena, mas com frequência viaja neste espetáculo de veículo, correndo pelas ruas como faz agora, com seu segurança tentando seguir o ritmo em outro carro atrás. 

Ninguém se lembra de quem foi a ideia de passar numa Dunkin, mas Shakira queria ir e conhece o caminho. Quando chegamos, sai do carro e entra, com seus longos cabelos loiros caindo por seus ombros e uns enormes óculos Versace cobrindo-lhe o rosto. 

Quando se dirige ao balcão, se escuta um murmuro e alguns clientes se viram: ‘era possível que Shakira, a pioneira colombiana de dança do ventre e que deu sua voz inconfundível, por muitas vezes imitada, a alguns dos temas mais queridos do pop, acabara de entrar nesta Dunkin em particular? Poderia ser realmente a Shakira que apareceu em quase todos os lares estadunidenses como técnica do The Voice, como artista do intervalo do Super Bowl de 2020 e como ganhadora do Video Vanguard Award nos VMA de 2023? Está todo mundo cantando “Shakira, Shakira” em suas cabeças neste momento? 

Algumas pessoas a reconheceram e confirmaram: sim, claro, é a Shakira, a superestrela e ícone global, considerada por muitos a artista latina mais exitosa de todos os tempos, com 95 milhões de discos vendidos em suas três décadas de carreira, que se dispõe a pedir três donuts de chocolate e um café extra quente. A maior parte dos fregueses na Dunkin a admira de longe, com a boca ligeiramente aberta, nervosos demais para aproximar-se e cumprimentá-la.  

Mas então, um corajoso dá um passo à frente. Quando Shakira está terminando seu pedido, se aproxima dela um fisiculturista de vinte e poucos anos, de olhos verdes, que parece ser capaz de arrancar troncos de árvores com suas próprias mãos. O tipo não a cumprimenta, mas começa a falar com ela, dizendo que ele trabalha em um restaurante que ela visitou recentemente. No começo, ela se limita a sorrir levemente, escondida atrás dos seus óculos de sol. Mas então, ele menciona alguns donos de restaurante e um sinal de reconhecimento aparece em seu rosto. Perto dela, a namorada do rapaz, que parece uma influencer, levanta os olhos do seu telefone e observa a interação.  

Mr. Músculo se oferece para pagar o pedido de Shakira, mas ela rejeita educadamente. Finalmente, ele se inclina até ela e se atreve: “Olha, meu número”, diz ele, aproximando o telefone às mãos dela. Shakira esboça um sorriso e faz um gesto à sua companheira criativa e coreógrafa, Maite Marcos, que está perto, e pede que ela anote o número de telefone pra ela.  

O rapaz não desanima: “A próxima vez, o que precisar, eu te ajudo. Envia-me uma mensagem e seguiremos em contato”, lhe diz com confiança. A noiva influencer de olhos fica de olhos meio-fechados, enquanto o rapaz se aproxima timidamente dela. Enquanto saem, inclusive o segurança de Shakira ri, indicando o quão chateada a namorada parecia.  

Shakira também se diverte com a coisa toda. “Eu ainda pareço bem”, diz sorrindo. 

E, neste momento, com um donut de chocolate na mão e os clientes da Dunkin ainda boquiabertos, fica claro que ela está em seu melhor momento. Nesta fase da sua vida, faz exatamente o que tem vontade, se move com uma leveza e uma paz que se percebe quase de imediato, inclusive quando a encontra em uma rede de comida. Nestes dias, afirma, se sente mais segura e inquebrantável que nunca.  

E, no entanto, se tivesse esbarrado com ela há dois anos, a teria encontrado em seu pior momento, um período tão ruim que quase destroça a um ícone, cuja tenacidade e longevidade a fizeram parecer indestrutível. Acabara de ser golpeada por uma onda de desamor e perda, a dor mais intensa que jamais havia experimentado. “O sofrimento que senti foi provavelmente o pior que experimentei em toda minha vida, e às vezes me impedia de funcionar”, confessa. “Sentia como se alguém tivesse feito um buraco no meu peito. E a sensação era tão real, quase física. Sentia fisicamente que tinha um buraco no peito e que as pessoas podiam ver através de mim”. 

No começo de 2022, começou a circular o rumor de que Shakira havia colocado fim no relacionamento de 11 anos com o jogador espanhol Gerard Piqué, pai de seus dois filhos e quem conheceu no set do seu vídeo para o hino do Mundial de Futebol de 2010, ‘Waka Waka’. Em junho anunciaram sua ruptura e a imprensa sensacionalista estalou em rumores de que Piqué a havia enganado com uma jovem de 23 anos, com quem começou a sair pouco tempo depois da separação. Logo, os paparazzi invadiram a casa de Shakira e o colégio dos seus filhos em Barcelona, convertendo uma dolorosa separação familiar em um circo midiático.  

Até então, seu pai de 90 anos – e melhor amigo – voou da Colômbia para ver como estava e sofreu uma queda terrível. A certa altura, os médicos disseram à artista que era provável que seu pai faleceria; felizmente, ele sobreviveu e está se recuperando após seis cirurgias. Ao mesmo tempo, um complicado caso legal, que se abriu em 2018, quando os fiscais espanhóis acusaram Shakira de evadir aproximadamente 14,5 milhões de euros em impostos, chegou à imprensa. Por meses, a possibilidade de um julgamento pairou sobre ela (em novembro passado se resolveu o caso e concordou em pagar uma multa de 7,3 milhões de euros, junto com um pagamento de 432 mil euros para evitar uma pena de prisão). Em um comunicado, disse que havia tomado a decisão “pensando no melhor para os meus filhos, que não querem ver sua mãe sacrificar seu bem-estar pessoal nessa luta”. 

“Quando chove, diluvia”, diz agora, pensando nesse período comovente. “Foi uma loucura a quantidade de coisas com as quais tive que lidar ao mesmo tempo”.  

Apesar do ruim que foi essa época, de toda a dor e agonia, houve indícios de que Shakira não ia desmoronar. Will.i.am, um amigo íntimo desde 2005, conta que no começo de 2022, tinham previsto rodar em Barcelona o vídeo de ‘Don’t You Worry’, a colaboração de Shakira com Black Eyed Peas e David Guetta. Justo antes da filmagem, que iria ser ao ar livre, a colombiana ligou para ele e pediu que mudassem para um ambiente interno. Não disse porque, apenas enfatizou que não queria estar ao ar livre. Will.i.am a apoiou de imediato: “Quando disse que teríamos que mover tudo para dentro com uma tela verde, todo mundo me disse: ‘tela verde?’ Mas estamos preparados para o ar livre’. E eu disse: ‘Não me importo com o que dizem’”.  

Quando finalmente gravaram, Shakira, disse Will.i.am, se apresentou com a energia “ao trilhão por cento”, entregando tudo. “Até que no último dia de filmagem ela me contou o que estava acontecendo com o ex”. Ela me disse que se tivessem gravado o vídeo ao ar livre, os paparazzi poderiam ter complicado tudo. “Eu disse a ela: você é única”, conta o músico. “Algumas pessoas teriam encontrado qualquer desculpa para não trabalhar. Mas ela seguiu em frente, com o espírito e a energia nas alturas”.  

Depois disso, se assegurou que ela estivesse bem. “É uma super-humana, mas inclusive os super-humanos precisam que lhes digam: Oi, como você está? Está tudo bem?”; Will.i.am costuma lhe enviar mensagens e áudios com orações. “Passou por muitas coisas, uma crise atrás da outra. Bum, bum, bum.” 

Outros artistas também a apoiaram. Shakira disse que John Mayer e Adele ligaram para ela, e teve o apoio de amigos de toda a vida como Carlos Vives e Juan Luis Guerra, sobretudo depois do acidente com seu pai. Chris Martin, do Coldplay, a quem conhece desde uma década, lhe enviava mensagens com frequência. Em uma ocasião, lhe enviou uma foto de um vaso quebrado colado com ouro: “Kintsugi: você vai ficar muito mais forte quando tudo isso passar”, lhe disse, se referindo a um antigo estilo de arte japonesa no qual se inspira com frequência. “Essa é a metáfora”, explica Martin. “Que te quebrem e logo te ajeitem com ouro, e você é mais bonita do que era antes. Para qualquer um que esteja passando por um mau momento, eu as vezes inclusive, isso é algo muito poderoso para se agarrar”.  

Mas ainda tinha muita dor para superar, e Shakira começou a desafogar tudo na sua música. De repente, as canções começaram a brilhar na escuridão. “Senti a necessidade de me expressar através da minha arte, minhas visões, minha música, transferindo toda essa dor, todas essas emoções agudas para um espaço fora de mim”, explica. A música pintava um quadro bastante claro: a primeira pista de que sua vida amorosa estava em crise chegou em abril de 2022, quando lançou ‘Te Felicito’, uma despedida de eletropop a um ex infiel, que contou com a colaboração do cantor porto-riquenho Rauw Alejandro, encabeçou a lista Latin Airplay da Billboard. Logo, em outubro, recorreu à estrela do reggaeton Ozuna para ‘Monotonía’, uma balada de bachata que chora uma relação falida.  

No vídeo, Shakira está em uma loja, quando um ex companheiro lhe atira diretamente no peito. Ela passa o resto do videoclipe caminhando com um buraco aberto, perseguindo um coração sangrando pelo chão. Ela sorri timidamente ao se lembrar de ter assistido a filmagem com sua equipe. “Levantaram as mãos, fizeram soar o alarme, e tentaram me deter: ‘Pensa um pouco. Por que vai se expor assim? É sangrento demais”. Mas ela insiste que era o que ela precisava dizer nesse momento. “Eram imagens duras, não? Mas eram genuínas, eu me sentia assim”. 

No entanto, nada foi tão selvagemente libertador como ‘Bzrp Music Sessions, Vol. 53’, a implacável e inesperada sessão que fez com o produtor argentino Bizarrap. Nela, Shakira aterrissa linha por linha sobre o alcance da traição que sofreu. Arremete contra um ex pela sua traição, brinca dizendo-lhe que deveria exercitar o cérebro ao invés de passar tempo na academia e lhe diz que está trocando “um Rolex por um Casio”. Inclusive, inclui algum duplo sentido, jogando com o nome de Piqué e sua namorada. A canção surpreendeu a muitos fãs, e ela não se arrepende de nada. 

“Não sabem o alívio que senti. Foi como…”, faz uma pausa e solta um grande suspiro, “Alívio. E também lembro da minha então empresária me dizendo: “Por favor, muda a letra. Claro, só estava tentando calcular as contingências e riscos, mas lhe disse: “Sou uma artista, sou uma mulher. E sou uma loba ferida. E ninguém deveria me dizer como lamber as feridas”.   

Até ela ficou surpresa com o quão gigantesco chegou a ser “Bzrp Music Sessions, Vol. 53”. “Comecei a ver que meus fãs realmente me apoiavam”, reflete. Sua energia bruta e o sangue derramado podem ter enervado as massas de todo o mundo e dispararam a canção até o número #1 da lista Global 200 do Spotify, acumulando três bilhões de streamings no processo. “Estamos em uma sociedade acostumada a ver as mulheres enfrentando a dor de forma submissa, e acredito que isso mudou”, afirma Shakira. Fez especial menção de que a canção esteve nas listas de êxitos ao mesmo tempo que “Flowers”, de Miley Cyrus, um hino ao amor próprio e à independência após um término: “As duas pensávamos o mesmo, e a reação foi similar”.  

A sessão com Bizarrap ganhou o prêmio de Canção do Ano e Canção Pop do Ano nos Grammy Latinos de 2023, e se transformou na pedra angular do seu álbum “Las Mujeres Ya No Lloran”, lançado em março. O disco, seu primeiro em sete anos, alcançou o número #1 nas listas latinas da Billboard e segue no topo. As pessoas aclamaram esse capítulo da sua carreira como um retorno, uma volta pra casa, um retorno vitorioso, E o ímpeto não parou: agora, a artista se prepara para uma turnê que arrancará em novembro e vai percorrer os palcos da América do Norte antes de chegar ao resto do mundo. É sua primeira desde 2018: “Acredito que esta será a maior turnê da minha carreira até o momento, a mais extensa, com mais alcance. Também vai ser a mais longa”, afirma, sinalizando que seus concertos costumam durar cerca de 90 minutos, e que este durará algo mais de duas horas.  

Para Will.i.am, o último ato de Shakira é particularmente impressionante deste o ponto de vista do pop que nunca deixa de evoluir: “Uma coisa é dizer: ‘Sim, estou aqui há um tempo’, e que não esteja no Top 40 ou que seja um artista de legado”, comenta. A barranquilhera se move de outra maneira: “Está competindo. Não se limita a mostrar seu legado. É como dizer: ‘Estou aqui dando duro, encestando, superando a mim mesma e aos novos artistas”. Martin ressalta é um tipo incomum de artista que tem sido uma megaestrela por toda sua carreira: Sempre a vi triunfar. Ela nunca saiu do meu panteão de grandes artistas”. 

Mas o verdadeiro triunfo para Shakira não consiste tanto em encabeçar as listas de êxitos ou vencer a concorrência, mas sim algo mais profundamente humano: encontrar a fortaleza interior que te permite seguir adiante, inclusive quando parece inconcebivelmente difícil, E é que não só floresceu como artistas, mas também que descobriu uma nova versão de si mesma, façanha especialmente impressionante em uma indústria que constantemente diz às mulheres que seus melhores anos ficaram pra trás. “Ao encontrar esta liberdade, me encontrei a mim mesma”, expressa. “Esta tem sido uma viagem de volta a mim mesma, e o caminho foi através de minha música. Estou em um momento em que o pior já passou, e este processo despertou em mim um novo sentido de autonomia, e independência”. 

Conheci a Shakira no estúdio onde ela gravou parte do “Las Mujeres Ya No Lloran”. Quando a vejo, está atendendo umas chamadas, antes que nos sentemos para conversar, falando em espanhol a uma velocidade vertiginosa e discutindo o que pareciam ser negócios sérios… até que ouço a palavra taekwondo. 

Acontece que está planejando a tarde para seus filhos, Milan, de 11 anos, e Sasha, de 9. Estão terminando as atividades extracurriculares e logo se dirigem ao estúdio para gravar um álbum infantil organizado pela escola de música que frequentam. Sasha cantará e Milán tocará bateria. Shakira inscreveu Milan nas aulas depois que sua amiga Penélope Cruz lhe enviara um vídeo de seu próprio filho, a quem Shakira classificou como um talentoso percussionista. “Me disse: Tenho que levar Milán às aulas!”. Pouco depois, compartilhou um vídeo de seu filho na bateria com Alejandro Sanz, outro amigo íntimo e colaborador de êxitos como “La Tortura” e “Te lo Agradezco, pero no”. “Logo ele também inscreveu seu filho nas aulas”, conta.  

Shakira e seus filhos vivem em Miami há mais ou menos um ano. Tem irmãos e familiares na cidade, e é muito mais fácil gravar aqui do que na Espanha. “O estar em Barcelona foi um grande sacrifício para mim e para minha carreira”, admite. “Era difícil manter essa continuidade. Era complicadíssimo levar as pessoas para Barcelona. Cada vez que queria fazer uma sessão, tinha que planejá-la com meses de antecedência”. 

A artista havia imaginado uma espécie de intercâmbio, no qual colocaria sua carreira em pausa durante alguns anos e apoiaria os compromissos futebolísticos de seu companheiro. “O plano sempre foi que, quando meu ex se aposentasse do futebol profissional, nós iríamos viver nos EUA e terminaríamos de criar nossos filhos ali, por todo o sacrifício que eu havia feito todos esses anos a acompanhando jogar. A ideia era vir para cá, mas esse momento coincidiu justamente com a separação”. 

Ela se interrompe por um segundo e acrescenta: “No final, os planos sim se tornaram realidade, só que em maneiras diferentes”. 

Ela me disse que uma mudança intercontinental é estressante demais, sobretudo porque lhe preocupava se os seus filhos se adaptariam. “Nunca vou me esquecer o quão nervosa eu estava no primeiro dia de colégio, e quando os apanhei, pularam em mim e me abraçaram e me disseram: ‘Nós adoramos!’, relembra Shakira. “Tive o coração na garganta o dia todo, esperando a pior notícia e terminaram pulando e correndo de alegria”. É muito unida a Milan e Sasha e os apanha e leva quase todos os dias. E costuma mudar os planos de viagem para poder lhes dar boa noite.  

Ainda assim, encontrar seu próprio lugar e seu próprio grupo de amigos em uma nova cidade não foi tão simples para Shakira, levando em conta que ela é uma das maiores celebridades do planeta. “Quando as crianças encontram um bom ambiente no colégio, é fácil. Por outro lado, os adultos também temos que encontrar amigos, mas não existe nenhum colégio para eu ir na minha idade”, diz rindo. Finalmente conseguiu ser amiga de algumas mães da escola dos meninos, entre elas algumas barranquilheras também. E quando tem tempo, tenta se reunir com outros artistas; poderia chamar a Rauw Alejandro ou Ozuna e tentar convencê-los a fazer esqui aquático com ela. Agora pratica muitos esportes aquáticos, diferente de Barcelona, onde costumava jogar muito tênis. 

Pergunto a ela se já viu “Challengers”, o filme de Luca Guadagnino, e franze a testa, negando com a cabeça: “Não, não, o que é?”. Digo que é protagonizado por Zendaya e que tem uma trilha sonora com Trent Reznor e Atticus Ross. Em questão de segundos, procura o trailer no seu celular. 

Por um momento, o assiste em silêncio. “É um trailer muito bom”, comenta finalmente. Costumo pensar que são os piores, me desanimam. Geralmente não quero ver o filme depois do trailer. Digo: Ok, já sei do que se trata todo o filme. Mas este trailer é muito bom”. Olha para sua representante, que está sentada perto. “Me deixou pensando que é assim como devemos promover minha turnê, igual a este trailer. É um bom marketing”. Logo copia e cola o link do trailer em um grupo de mensagens que tem para discutir os planos da próxima turnê. 

Está muito emocionada por voltar aos palcos, sobretudo depois de seu exitoso show na Times Square, após o lançamento de “Las Mujeres Ya No Lloran”. Shakira admite que se assustou um pouco porque os fãs não começaram a encher o lugar até o último minuto. “Meu Deus. Uma hora antes do show, eu disse: ‘Não tem ninguém na rua! Isso vai ser o fim da minha carreira!’, relembra rindo. “Estava no meu hotel me preparando para a apresentação e não via ninguém pela janela. Só havia umas dez pessoas. Foi como meu pior pesadelo, pensar que ia sair e não teria ninguém na rua para me ver”. 

No final, 40 mil pessoas compareceram e umas semanas depois surpreendeu seus fãs aparecendo no Coachella para cantar com Bizarrap. Ali anunciou pela primeira vez a turnê, e desde então não parou de planejá-la. (Tem algumas surpresas a mais preparadas: em um dado momento, lhe pergunto quantos temas do disco ficaram na sala de edição. “Há canções que temos por aí”, disse sorrindo enigmaticamente. “Estão guardadas. Não é um novo disco, mas digamos que tenho um novo projeto”). 

Sua próxima turnê é o ápice de sua carreira até então, o que quer dizer muito para alguém que passou quase três décadas inteiras sob os olhos do público. Shakira começou no mundo da música com apenas 13 anos, quando assinou um contrato com a Sony Music Colômbia. Nascida em Barranquilla, de pai libanês e mãe colombiana, foi uma artista nata durante toda vida, já que desde criança praticava dança do ventre e canto. No entanto, seus dois primeiros álbuns, “Magia” e “Peligro”, fracassaram e venderam menos de mil cópias cada um. Por um tempo, se dedicou à atuação, protagonizando a telenovela dos anos 90, “El Oasis”, que a fez famosa na Colômbia. 

Enquanto atuava, seguia escrevendo música, e finalmente abriu caminho no mercado de língua espanhola em 1995, com “Pies Descalzos”, um disco de rock que a apresentava como uma garota precoce, terrenal, de cabelos pretos e com dom para a poesia confessional. Quando lhe digo que o álbum – o meu favorito e o primeiro dela que tive – vai fazer 30 anos no ano que vem, me olha incrédula. “Vai fazer 30?”, pergunta surpreendida. “O que? No ano que vem?”. Pega seu celular para comprovar antes que sua empresária lhe confirme que é verdade. 

Em 1998, “Dónde Están Los Ladrones?” a tornou famosa em toda América Latina. Produzido pelo titã da indústria Emilio Estefan, conquistou disco de platina em vários países e ajudou a Shakira a começar uma turnê pelos Estados Unidos e América Latina. Ninguém soava como ela naquele momento. Além de seu enfoque narrativo e vulnerável como letrista, seu tom vocal também era totalmente único: um estilo denso e poderoso, cheio de pausas e gritos que podia se aproximar da profundidade de Mercedes Sosa, e do tom de Alanis Morissette, ao mesmo tempo que proporcionava um timbre e uma elasticidade únicos. Ela fez o estrelato parecer fácil, mas quando olha para trás reconhece que foi incrivelmente difícil, um cenário totalmente diferente que exigiu que ela movesse as placas tectônicas da indústria musical quando tinha apenas 20 anos. 

“Dependia de mim, naquele momento, ir de rádio em rádio, de emissora em emissora, e convencer e persuadir os guardiões, os caras que controlavam a indústria musical”, explica. “Eles eram os que diziam: ‘Sim, você. Sua música vai tocar na minha emissora. Você não’. Foi muito difícil. Várias portas foram fechadas e poucas se abriam depois de bater e insistir. Foi um trabalho árduo e muito difícil”. 

E como se isso não bastasse como desafio, Shakira colocou então seus olhos no mercado anglo-saxão. Hoje em dia, a ideia de um crossover parece antiquada, artistas como Bad Bunny ou Karol G demonstraram o enorme atrativo mundial da música em espanhol. Mas Shakira destaca o quão diferente era a indústria naquela época, e disse também que queria aprender inglês. (Enquanto estava em turnê pela América Latina, aprendeu português para tocar no Brasil; também fala francês e italiano). “Queria escrever em inglês, pensar em inglês, sentir em inglês, porque sentia que era uma forma de ampliar meus horizontes”, expõe. A primeira vez que compôs uma canção em inglês, ela se armou com um dicionário de rimas e um livro de Leonard Cohen. “Esta garota colombiana que acabara de começar a cantar aparece de repente na cena dos Estados Unidos e foi um momento emocionante. Foi muito estranho e foi ali que eu descobri que era capaz de fazer aquilo”. 

Ainda assim, abrir esse caminho foi complexo. Estefan lembra da preocupação sobre qual seria o single de Shakira antes de “Laundry Service”, seu primeiro álbum em inglês, de 2001. Segundo se lembra, estavam inclinados por uma versão traduzida de sua canção de 1998 ‘Inevitable’, que Shakira interpretou no The Rose O’Donnell Show, em sua primeira apresentação em inglês. ‘Whenever, Wherever’ não fazia parte do plano ainda até que tentaram com algumas estações de rádio. “Ela queria um single diferente, mas o apresentamos para as emissoras. Eu lhe disse: ‘Shaki, este é o que eles querem’, e ela disse: ‘Então vamos lançá-lo’.”, recorda Estefan. 

Chris Martin disse que ‘Whenever, Wherever’ foi sua apresentação à cantora, que acabaria se tornando sua amiga íntima. “Lembro a primeira vez que ouvi falar dela, porque me perguntei quem poderia ter uma canção dizendo que seus peitos são pequenos e humildes”. Ele me disse: “A mente dessa pessoa é incrível”. 

Mais tarde, viu como Shakira parecia estar na vanguarda dos sons globais e das fusões de gêneros. “Agora com o streaming, e com tudo tão internacional, há muito menos tribalismo e fronteiras na música, e é maravilhoso”, comenta Martin. “Mas se penso nos anos 2000, não era assim. Ela foi uma das primeiras pessoas que começou a cruzar as barreiras invisíveis que havia entre os gêneros musicais. Destaca sua canção de 2005 ‘La Tortura’. “Estava escutando ‘La Tortura”, que tinha esse ritmo de reggaeton faz anos”. (Shakira também aponta que essa canção, uma colaboração com Alejandro Sanz, foi um dos primeiros exemplos de uma grande colaboração na música latina: “Naquele momento não havia colaborações, e começaram, me atrevo a dizer, com ‘La Tortura’”. 

Apesar do êxito, Shakira teve que enfrentar uma indústria que às vezes não sabia o que fazer com ela. Com frequência e exotizavam ou a reduziam a estereótipos. “Recordo que foi muito frustrante”, conta. “Era muito, muito decepcionante quando as manchetes diziam: ‘A segunda maior exportação da Colômbia’, referindo-se constantemente ao tráfico de drogas e não à beleza do meu país ou ao talento do seu povo. Mas com o tempo, pouco a pouco, isso foi mudando”. 

Também teve que lidar com as inseguranças que advêm de ser uma mulher jovem sob os refletores. Shakira se lembra o quão dura era consigo mesma naqueles anos. “eu não gostava das minhas fotos, não gostava do meu rosto, me maquiava demais”, murmura. De certo modo, pensa que parte dessa autocrítica poderia ser uma inclinação natural dos artistas, que se esforçam constantemente para conseguir mais. Mas, ainda assim, encontrou muita paz em si mesma, sobretudo ultimamente: “É um processo. Começa como uma cebola e vai descascando as camadas até que esteja contente com o núcleo”. 

Shakira teve seu primeiro filho em 2013, antes de o fato de ser apresentadora do The Voice a transformasse em um afigura familiar nas casas estadunidenses. Desde o princípio, sentiu que estava destinada a cuidar das pessoas. “Sempre me vi nesse papel”, explica. “Acredito que muitas mulheres são mães antes de ficarem grávidas. E eu já me sentia mãe, e acredito que o demonstrei de muitas maneiras, cuidando das pessoas que me rodeavam, cuidando da minha família. Sempre fui como a matrona”. 

Em Barcelona, se concentrou na sua relação e em criar os seus filhos. Ao recapitular, sua vida se tornou lentamente mais apagada e sua carreira mais tranquila. “Em Barcelona sempre andava de calças esportivas”, diz, olhando para as calças sedosas que leva agora. “Bom, estas também são, mas são Amiri. Em Barcelona, usava moletons da Gap, com o cabelo preso em um coque”.  

Ela sorri, mas fala de algo mais profundo: Me dei conta de que isso costuma acontecer. Quando você termina uma relação de muitos anos, tem coisas de você que parece que firam perdidas no caminho”, reflete. “Há coisas em você que você muda pela outra pessoa ou das quais você renuncia. Quando essa relação termina, você sente que não resta nada e tem que se curar, buscar a você mesmo e viajar de volta ao seu centro”.  

É um pouco surpreendente escutar a uma artista do porte de Shakira nomear esse sentimento, o modo em que algumas relações podem ser infinitamente enriquecedoras e reconfortantes, mas também implicar compromissos que fazem com que as versões mais antigas de si próprio se sintam mais longe, inclusive se essa versão é uma superestrela a quem todo mundo conhece. Às vezes é difícil se dar conta de quanto de si mesmo vai se desgastando até que sai para respirar. E a isso acrescente a maternidade, por mais transformadora e transcendente que possa ser, também pode complicar mais as coisas. Digo a ela que, baseada em minha própria experiência, é como uma negociação e um equilíbrio constante, e é exaustivo. 

Eu me pergunto em voz alta se a artista sentiu que estava fazendo sacrifícios nesse momento. “Quando somos mães nunca baixamos a guarda”, disse suavemente. “Podemos seguir trabalhando, mas nosso compromisso como mães é inquebrantável. Às vezes é difícil encontrar o equilíbrio. Quanto tempo você deve dedicar a si mesma, quanto para o trabalho, quanto para as crianças? Mas as crianças sempre vêm em primeiro lugar e é o que mais nos consome”. Ainda assim, é algo que ela não trocaria por nada, e é o tipo de mãe que está muito presente. Levou Milan em turnê quando tinha apenas poucos meses, e agora ambos os meninos são seus acompanhantes em eventos e entrega de prêmios. Nos Grammy Latinos, foram filmados entre o público, incentivando sua mãe, enquanto interpretava um pouporri que incluía a famosa ‘Bzrp Music Session, Vol. 53’.  

Seus sentimentos sobre a maternidade têm muito a ver com toda esta viagem que empreendeu. “Nunca tive que depender tanto de mim mesma como lutando pela minha sobrevivência e a dos meus filhos”, expressa. Eles passaram por algumas lições que a artista quis destacar. “Viram sua mãe chorar, a viram celebrar, a viram rir, a viram trabalhar até se cansar”, comenta. “E é isso: quero mostrar-lhes que a vida não é linear. Não é como as pessoas imaginam nos filmes. As coisas não saem como queremos e há que enfrentar a decepção. Faz parte da condição humana. Por isso estamos aqui”. 

E agora, depois de todo o tempo que passou buscando as partes perdidas de si mesma, pergunto a ela sobre as suas descobertas. 

“Perspectiva”, murmura lentamente. “A capacidade de diferenciar o que é importante do que nem tanto é. Descobri…”, se interrompe e se permite sorrir: “Meu sotaque! Meu sotaque caribenho voltou agora que não estou na Espanha”. Seu sotaque era mais neutro quando vivia em Barcelona, onde também aprendeu um pouco de catalão. Agora, em Miami, retornou a melodia costeira de Barranquilla, onde cresceu. “Agora me junto com barranquilheiras do colégio do meu filho, e estou rodeada de cubanos, porto-riquenhos, dominicanos, colombianos. Sim, meu sotaque voltou. Graças a Deus!”. 

Tem mais: “Mais swag. Recuperei meu estilo. E voltei a me sentir sexy”. 

Uma semana depois, Shakira retorna aos escritórios da Sony para uma reunião com sua equipe criativa sobre os planos da turnê. Ela está usando um moletom preto com capuz, cabelo loiro sobre os ombros, e uma via intravenosa no braço. Depois de uma semana repleta de trabalho, se sentia como se estivesse adoecendo, por isso que está recebendo uma dose de vitamina C. 

Há alguns dias, assistiu ao seu primeiro Met Gala, ainda que a tenham convidado anos atrás, nunca pôde viajar desde Barcelona. Sua primeira aparição esteve repleta de encontros com pessoas que ela gostava e admirava de longe. Estava especialmente emocionada por conhecer Ed Sheeran cara a cara. “Compusemos música juntos, fizemos coisas juntos, mas nunca conseguimos terminá-las porque não nos víamos”, comenta. “Quando o vi, o abracei como se o conhecesse da vida toda”. 

Chris Hemsworth e sua esposa, Elsa Pataky, também a cumprimentaram e lhe deixaram saber que seus filhos gostam da música dela. O comentário a emocionou tanto que, em sua visita aos escritórios da Sony, lhes autografou uma cópia de Las Mujeres Ya No Lloran impresso em vinil transparente. Shakira pega uma caneta e a deixa sobre a capa durante um segundo, perguntando-se em voz alta: “Os Hemsworths? Os Hemsworth?, finalmente o autografa à “Família Hemsworth”. 

O álbum é um dos mais comerciais de Shakira e reflete as tendências atuais da música latina. Ele se inspira na música mexicana em temas com o Grupo Frontera e Fuerza Regida; e ‘Puntería’ com Cardi B, que encabeçou as listas Latin Airplay da Billboard. A artista barranquilheira adorou trabalhar com Cardi: “Eu amo o que ela fez na canção, é a minha parte favorita. Amo o senso de humor dela, sua inteligência, sua criatividade. Para mim, é uma mulher que não pede permissão”. E a colaboração com Bizarrap é algo que Shakira atribui aos filhos, já que foi ideia deles que ela trabalhasse com o produtor. De fato, se mantem em dia com o que está na moda graças a eles. Milan gosta de rappers como Central Cee, enquanto Sasha gosta de Camilo e há pouco tempo interpretou uma de suas canções em um concurso de talentos no colégio. 

Mas nem todos os fãs gostaram do giro pop do álbum, pois queriam mais da energia rock pura e forte de Pies Descalzos ou Dónde Están Los Ladrones. Quando lhe pergunto o que pensa das pessoas que queriam uma Shakira diferente, a artista destaca a diversidade musical do disco. “Uma das coisas que eu mais gosto do álbum é que evoca outras etapas da minha viagem musical, como a garota de cabelo preto, as calças de couro e os pés descalços. Há canções como ‘Cómo, Dónde y Cuándo’, que estão mais próximas da minha essência e de que m sempre fui musicalmente, mas mostra claramente uma evolução em minha forma de sentir”. Também destaca algumas outras: “’Tiempo Sín Verte’, ‘Última’ e ‘Acróstico’ são canções de cantor/compositor, algumas feitas exclusivamente com piano e voz. 

Além de lhe permitir subir nas listas de êxitos, um enfoque pop tão contundente lhe dava muita margem para experimentar. “Me deu muita flexibilidade para ir na direção que quisesse. Posso fazer afrobeats, reggaeton, ska ou EDM. Há algo na pureza de uma guitarra elétrica, um baixo elétrico e uma bateria que me devolve ao tipo de música da qual sempre fui grande fã, essas bandas de rock que me fizeram me apaixonar pela música”. 

Durante a reunião sobre a turnê, Shakira lê várias coisas que reuniu parta se inspirar: escreveu um longo texto sobre o poder da loba. Também repassa algumas estatísticas sobre o poder econômico das mulheres e, em concreto, das contribuições das latinas. O objetivo do show, me conta, é empoderar as pessoas, lembrá-las que, apesar das provas que tenham que enfrentar, podem sair do outro lado.  

Não deixa de pensar em diferentes cenários e formas de se aproximar do público durante o espetáculo, como uma forma de aprofundar a conexão que sentiu com eles desde o início deste projeto. “Meus fãs dialogaram comigo: eu falei e eles escutaram, e eles falam e eu escuto e aprendo de suas experiências. Porque como eu, há um milhão de lobas no mundo, se preparando para ir à batalha e encontrar seu caminho”. 

Outros detalhes estão em sua mente: o visual, o guarda-roupa, sua entrada. A certa altura, alguém menciona um vestido rosa fofo que ela usou durante sua turnê Sale El Sol, e ela se encolhe um pouco, descartando-o como cafona. “Meu caminho é um caminho feito de queijo”, brinca. Alguém de sua equipe garante que ela está agora na era da moda e, em algum nível, parece haver um foco extra em aumentar o desfile. Durante o encontro, ela faz referência à turnê Renaissance de Beyoncé e à turnê Eras de Taylor Swift, destacando os momentos que adorou em ambas. Mais tarde, ela me conta que recentemente passou horas no estúdio analisando as músicas que poderiam entrar no setlist, analisando “o tom, a velocidade e os arranjos”. “Preparar um show é uma das coisas mais intrincadas e complexas que posso fazer como artista”, diz ela. 

Há outra inspiração a que recorreu para a turnê: sua representante nos mostra um vídeo de Issa Rae recebendo o prêmio Empreendedora emergente da Women in Film Anual Gala de 2019. No discurso, Rae explica que está canalizando alguns de seus rappers favoritos e jogando a humildade pela janela. Sua voz preenche o escritório enquanto todos a escutamos: “Vou fechar todas as portas atrás de mim, assim que, se não conseguiu entrar, que pena! Entenda. Ser empresária significa “fiz essa merda sozinha””. Shakira começa a uivar de rir e recita ao mesmo tempo a frase final de Rae: “Em conclusão, empreendedora até a morte. Eu mereço. Tiau!”. 

A mensagem é engraçada, mas parece ressoar bastante em Shakira porque hoje é ferozmente independente. Essa independência se estende claramente a sua vida sentimental, ainda que no último ano ela tenha sido vista com o piloto da F1, Lewis Hamilton, o jogador de basquete Jimmy Butler e o ator Lucien Laviscount, no momento sair com alguém lhe parece um conceito estranho. “Não estou pensando nisso… Que espaço teria para um homem neste momento?”, brinca. Pergunto a ela se acredita que isso vai mudar mais para frente. “O que quer que eu te diga, eu gosto dos homens”, confessa rindo. “Esse é o problema. Com tudo o que eu passei, não deveria gostar deles, mas imagine o quanto gosto deles e continuo encontrando prazer neles. Mas para ter uma relação formal, acredito que meus filhos teriam que estar muito preparados. Seu bem-estar emocional e psicológico é a prioridade”. 

Faz uma pausa antes de acrescentar com travessura: “Mas, bem, não me nego a ter amigos”. 

A única coisa que quer é se divertir e ver aonde a sua carreira a levará. E o que é mais importante, continua assimilando todas as lições que aprendeu depois de passar pelo inferno e voltar. “Sou muito menos frágil do que pensava”, afirma. “A dor sempre me assustou muito, porque pensava que não sobreviveria”. 

E não se sente assim: através deste processo me fiz mais forte do que eu acreditava. Eu me transformei em uma pessoa mais independente, que não depende de ninguém mais do que si mesma e de sua manada de lobos”.  

Para ler o texto original em inglês, clique aqui.

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