Shakira concedeu uma entrevista ao programa Showbizz da CNN en Español, na qual fala sobre sua família, Piqué e sobre as mudanças que sofreu ao longo dos anos. Confira: Em algum momento você teve medo de que ‘Laundry Service’, seu crossover, não funcionasse, já que era o álbum com o qual você se apresentava aos Estados Unidos e ao mundo inteiro?
Sim, sempre tenho medo. É uma característica natural minha. Mas também tenho vontade de superar esse medo. Sempre me pareceu um grande desafio fazer o crossover, e fazer um álbum em inglês naquele momento parecia o Evereste, uma vez que meu domínio do inglês não era o que tenho hoje. Então, sim, me lembro que naquele momento esse era um grande desafio, mas saiu tudo bem, eu sobrevivi (risos).
Imagino que você tenha mudado mundo nesses treze anos. Você mudou como profissional, e na vida pessoal, agora você é mãe.. Mas o que não mudou nada, permanece intacto, absoluto, na Shakira mulher e na Shakira cantora?
Até hoje sou muito suscetível, muito sensível. Às vezes as coisas me doem como se fosse em carne viva. Acho que não desenvolvi esse aspecto da recuperação. Parece que passei por tanta coisa, por quase tudo. Acho que já estive no lugar de quase todo mundo… Por isso é muito difícil para mim julgar outras pessoas, porque entendo a natureza humana perfeitamente, porque sei o que é viver. É bem verdade que vivo há apenas trinta e sete anos, mas vivi. “Confesso que vivo”, como diria [Pablo] Neruda.
E como artista, o que não mudou?
Acho que a curiosidade. Tenho um grande desejo de entender a música, entendê-la de uma vez por todas, porque nunca a entendo por completo e isso é o que me estimula a entrar no estúdio de gravação com a expectativa de um a criança de cinco anos, sabe? Com a curiosidade de uma criança como meu filho, que entra no estúdio e começa a mexer em todos os botões, tocá-los e sentir que é um mundo maravilhoso. Para mim, fazer música continua sendo assim.
Você estava falando de como é difícil julgar as pessoas e eu estava pensando no ‘The Voice’. Seu trabalho é, em primeiro lugar, ajudá-los, mas ao mesmo tempo, há pessoas que você está ajudando que saem do programa. Deve ser difícil, não é? Uma experiência pessoal…
Sim, é muito difícil e respeito muito esses candidatos, porque realmente eles enfrentam um gigante a cada noite. É um ciclo, em dimensões sobre-humanas as coisas com que eles têm que lidar, as coisas que eles têm que enfrentar a cada dia e, além de tudo, para os que não têm muita experiência de palco é ainda mais impactante. Por exemplo, Kristen, uma das minhas candidatas, ficou sem microfone no meio de sua apresentação, imagine só. Em um programa ao vivo, com milhões e milhões de pessoas assistindo e a pobre ficou com o microfone sem funcionar pelo resto da música. Ela, como todo profissional, continuou cantando até o final. Se isso acontecesse comigo, continuaria cantando da mesma forma, mas os anos que tenho de experiência me ajudariam. É impressionante ver como os artistas têm uma coragem, uma valentia, que acredito que que não seja uma das qualidades que vem assim, sem esforço.
Seu disco saiu há poucas semanas e há as listas, paradas musicais, mas agora criaram centenas de listas para saber se vai bem no Twitter e etc. Você não se sente incomodada de como a indústria a está analisando os artistas…
Como que sob um microscópio? Bom, nunca havia visto as coisas dessa forma, mas também acredito que hoje em dia nós artistas temos a oportunidade única de nos comunicarmos diretamente com o público e não apenas através dos meios de comunicação, que eram o único veículo com os quais contávamos há até alguns anos atrás, então acredito que tenha havido uma democratização da informação. Podemos chegar às pessoas, a todos, sem distinções, e de forma direta. Acho isso espetacular, é uma das coisas boas da tecnologia, dessa análise sob a qual estamos constantemente nós artistas.
Há também a oportunidade de conversar com seu público. E quando te dizem coisas que você não gosta? O que faz? Deleta?
(risos) Bom, escuto aquilo que me serve, e para aquilo que não me serve, me faço de surda. Mas também se há algum tipo de informação errônea circulando, aproveito minha plataforma, minhas redes sociais, para corrigir quando é necessário. Às vezes tem informação equivocada circulando que não vale nem sequer o trabalho…
Faz quatro anos que você conheceu Gerard piqué e ele te disse que gostaria de ganhar a Copa porque sabia que você ia cantar na final.
Sim, ele queria me ver na final. Ele prometeu e cumpriu (risos).
E o que ele prometeu para este mundial?
Bom, quando começamos a sair, ele me disse que no próximo mundial, iríamos com nosso filho.
Sério?
Sim. Tudo o que ele me disse, ele fez.
E ele vai ganhar ou não?
Bom, isso ele não me disse, porque senão vão dizer que Gerard é o polvo Paul, lembra do polvo Paul? Bom, espero que sim, porque esse polvo Paul me deu a vida (risos). Mas morreu de estresse. Não sabia? Eu queria consultar o polvo mas me disseram ‘não, o polvo morreu. Estava muito estressado’. (risos)
Se você chega ao Barcelona todos esperam que torça pela Espanha, mas se chega a Barranquilla todos vão querer que torça pela seleção colombiana, então você tem que fazer um papel muito diplomático, não?
Sim, mas vou torcer por ambas. O difícil é que terei que assistir o dobro de partidas, mas continuo adorando mesmo assim. Ah! Quero comentar que esta música, ‘La La La’, é a versão original de uma música muito pessoal, porque a escrevi inspirada em Gerard, mas os sons são algo muito representativo do que faço, porque são uma combinação de sabores brasileiros com a cadência eletrônica, então me representa muito como artista e a busca em que estou permanentemente, mas o bom é que fiz uma versão… “futebolística” e essa versão será lançada e há um vídeo para a versão do mundial e há uma surpresa nesta versão que não posso revelar.
Porque não fazer um dueto com Adam Levine?
Olha, é algo de que já falamos, está acertado, mas essas coisas têm que acontecer, se ajeitar. O que aconteceu com Blake [Shelton] e a razão pela qual acabei fazendo um dueto com ele é que uma vez fiz uma música e fizemos umas… – Quantas versões fizemos desta música? Oito não é isso? – oito versões. Fizemos em versão dance, rock… só me faltou reggae. E no fim das contas me dei conta de que era uma canção com uma influência country bastante inegável. Eu a tinha escrito junto com duas pessoas de Nashville e então disse ‘vou mandar esta música para o Blake para ver o que ele dirá’ e quanto ele escutou , disse ‘uau. Adorei, é claro que quero estar nela’. Para mim foi um grande alívio, porque acredito que ele seja uma autoridade na música country. De forma que a gravação se deu de forma muito orgânica.
Tem vontade de se tornar uma artista country?
(risos) Bom, sou colombiana…
Você não tem problemas em falar da sua família, embora sempre tenha sido um pouco mais reservada…
Sempre fui bastante reservada e continuo sendo com as coisas que merecem ser resguardadas e protegidas. O que acontece é que meu filho sempre foi tão desejado não só por mim, mas por todos os meus fãs, as pessoas que acompanham minha vida, que me conhecem bem e sabem que eu queria, que o desejava. Tem sido tão natural para mim compartilhar fotos dele, como toda mãe, não é? Que pai não gosta de compartilhar fotos de seu filho? E eu nunca quis ser assim. Sempre que vinha um pai ou uma mãe dizendo “olha meu filho!” eu dizia “Legal. Tomara que eu não seja assim”. Mas aí, me tornei mãe agora sou pior!
Quando dorme, quais são seus sonhos? Certamente são muitos, mas talvez haja algum recorrente…
Meus sonhos são como filmes hollywoodianos. São muito vívidos. Eu sonho em cores, sonho muito e quase sempre me lembro de todos os meus sonhos. Em espanhol! Alguma vez já sonhei em inglês, mas sonho geralmente em espanhol.
Agora que você tem Milan, gostaria de fazer como colegas seus como Rick Martin e Thalia e lançar um livro, disco ou coleções para bebês?
Bom, há um projeto que venho fazendo ao longo de todos estes anos que é advogar pelo acesso a educação universal e hoje em dia dedico grande parte do meu tempo e da minha energia a advogar pela educação infantil precoce. É um projeto que vem de mãos dadas com tudo isso e que dentro em pouco vai se expandir e poderei explicar um pouco do que se trata.
Porque mudou tanto de estilos desde ‘Pies Descalzos’? Você é linda loira, mas o cabelo negro nunca mais voltará?
Bom, um dia. Também fiquei ruiva uma vez… gosto do cabelo vermelho, mas me sinto bem assim por hora…
Você pode conferir a entrevista, em espanhol, nos vídeos abaixo:
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=wyZKBsRT39U&w=560&h=315]
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=BHr8-0p6Q4A&w=560&h=315]
Texto e tradução: Josimar Rosa para Shakira Brasil Colaboração: Victor Valery