No inicio da noite desta quinta-feira (09) Shakira publicou através do site da revista Time e de sua conta no Facebook um texto em repúdio ao banimento de pessoas oriundas de sete países majoritariamente muçulmanos, há alguns dias. Confira:
O recente banimento que impede que pessoas vindas de sete países predominantemente muçulmanos entrem nos Estados Unidos proposto por por Donald Trump e recentemente sendo revisto em cortes disparou gritos de resistência tanto dentro dos Estados Unidos quanto fora dele. Gostaria de tirar um minuto, com a sua permissão, para adicionar minha voz ao coro, porque isto não é problema apenas dos Estados Unidos. Trata-se de um problema humano que traz implicações para todos nós, cidadãos americanos ou não-americanos como eu.
Perseguição contra qualquer grupo por razões religiosas ou raciais é ilegal nos Estados Unidos. Ponto final.
Este não é apenas um ataque a muçulmanos ou refugiados – este é um ataque a todos os humanos e, em particular, àqueles que mais precisam de proteção. Neste momento, em todo mundo, 28 milhões de crianças seguem desabrigadas por conflitos, removidas de seus lares pelo terror e a violência. Crianças não conhecem nações ou fronteiras. Aquelas que sobreviverem crescerão para seguir a liderança daqueles que os acolheram. Nós mostraremos amor e aceitação a elas? Ou deixaremos que se cuidem sozinhas, vulneráveis a grupos guerrilheiros que as ensinarão a perpetuar este ciclo de violência?
Temos que ser vigilantes quanto a deixar que a intolerância e o ódio se infiltrem no senso comum ou sejam racionalizadas sob o disfarce de “proteger nosso povo”. Se aceitarmos este ataque generalizado contra muçulmanos, podemos ter certeza de que outras minorias não serão poupadas, seja fechando as fronteiras para outros grupos ditos “perigosos”ou obstruindo seus direitos humanos de outras maneiras.
Muçulmanos são o nosso povo. Eles são seres humanos com crianças, necessidades e sonhos como todos nós. Nem todos os muçulmanos são terroristas e, a propósito, nem todos os terroristas são muçulmanos.
Os latinos são o nosso povo. Eles não vêm para “roubar empregos” – eles vêm buscando uma oportunidade de construir uma vida melhor para si mesmos e para seus filhos, que é o que os Estados Unidos sempre se vangloriaram em representar: oportunidade. Eles são uma grande parte da força de trabalho que contribuiu para fazer da América o grande país que é hoje.
Os afro-americanos são nosso povo. Depois de suportar séculos de opressão e incontáveis atrocidades cometidas contra eles, depois de lutar por direitos civis, é devastador que discriminação racial ainda aconteça e que suas liberdades civis ainda sejam ameaçadas.
Eu poderia seguir citando grupos ad infinitum, mas a questão aqui é: não deveríamos estar separando grupos e os diferenciando por raça, classe ou religião, porque de acordo com a constituição, tudo isso é irrelevante no que diz respeito a seus direitos enquanto cidadãos. Qualquer um que vá para os Estados Unidos e escolha erguer esta bandeira e seguir estes princípios é “nosso povo”
Graças às redes sociais, todos nós temos uma plataforma para usar nossas vozes hoje. Para cada postagem que vejo com discurso de ódio, vejo outras que me elevam e me reafirmam que ainda não nos perdemos completamente. Advogados em aeroportos oferecendo aconselhamento gratuito para refugiados, nova-iorquinos se agrupando no metrô para apagar vandalismo neonazista, médicos se voluntariando para oferecer atendimento gratuito a mulheres que precisam e cidadãos ativistas que marcham por direitos iguais para todos.
Vamos continuar pesando a balança para o lado da “liberdade e justiça para todos”, continuar usando nossas vozes para falar por aqueles que foram desprovidos das suas. Eu aplaudo todos vocês que têm falado contra o banimento – continuem a boa luta e jamais se deem por vencidos. #resist
Fonte: Time.com