O silêncio no dourado reino dos Mebarak é ensurdecedor. Desde que anunciou o adiamento de toda a etapa européia de sua turnê mundial, Shakira se recolheu ao lugar mais recôndito de seu luxuoso palácio, localizado em Esplugues de Llobregat, em Barcelona. Alí ela instalou a sede de El Dorado, com um estúdio em seu próprio castelo, onde seu mais recente álbum ganhou vida e forma. Também foi alí, perto de sua residência, que a colombiana organizou todos os preparativos de sua turnê, que segunda ela “seria a melhor de sua carreira”, mas que ainda não veio à luz. Agora, também é alí que a rainha de um “reino ameaçado” se resigna, com exceção de aparições discretas flagradas por paparazzis. A sua turnê, que promete rodar o mundo está cercada de incertezas. Até o momento, a previsão é que ela comece no dia 09 de janeiro, em Orlando, nos Estados Unidos. Mas os rumores de uma intervenção cirúrgica levantados no final da semana passada pela Revista Vanitatis e replicados por veículos tradicionais como o espanhol El País, deixou um grande ponto de interrogação no ar. A Live Nation, promotora da sua turnê, não se manifesta, a equipe da cantora tampouco. Mas os indícios de que os shows serão adiados são fortes. Os concertos previstos para março na América do Sul foram reprogramados para o segundo semestre, noticiou o Jornal Destak.
Se o adiamento se confirmar, Shakira terá um grande problema em mãos para administrar: o ostracismo de El Dorado. Seu álbum, que foi destaque em 2017, começa a perder fôlego. No Youtube, a plataforma em que o álbum registrou o melhor desempenho, as canções já não possuem mais posição de destaque entre as mais executadas no mundo. Hoje (19), por exemplo, “Perro Fiel” está na modesta 62ª posição, atrás, inclusive de “Waka Waka (This Time for Africa)” (57), a canção do Mundial da FIFA de 2010. “Chantaje” e “Me Enamoré” nem no Top 100 estão mais. Como vender ingressos se as suas músicas já não estão mais em evidência? “Perro Fiel” era a canção, depois de “Chantaje“, com melhores chances de impactar a exposição do álbum. Mas com uma divulgação insipiente, o desempenho da faixa ficou muito aquém de seu potencial. Sem o trunfo de “Perro Fiel“, restam poucas opções para tirar o álbum do ostracismo e colocar o nome de Shakira de novo em evidência quando a colombiana estiver pronta para voltar aos palcos.
Mas, Shakira tem uma carta nas mangas. E não é qualquer carta. “Trap” pode ser o A’s de Ouro que a colombiana precisa para salvar a turnê que coroaria o fim de uma era. A faixa é uma parceria com seu conterrâneo Maluma, que no momento, goza de uma popularidade sem precedentes, com singles próprios bem sucedidos nas plataformas de streaming e uma turnê exitosa pela Europa, América Latina e EUA. O gênero da canção, o trap latino, foi o quarto em ascensão no mundo este ano, segundo o Spotify. Cantores como Bad Bunny, Daddy Yankee, Farruko e Karol G viram suas canções do gênero experimentarem índices de popularidade e desempenho astronômicos. Com uma letra envolvente e um videoclipe que capte a essência da música, a única palavra que nos vêm à mente é sucesso. E por falar em videoclipe, Shakira já gravou o vídeo da canção, sob a direção de Jaume de Laiguana, em março deste ano. A colombiana já tem pronto em mãos o trabalho que pode levá-la diretamente ao topo novamente. Porém, se esse for o caminho traçado para seu retorno, é imperativo que ela adote uma estratégia de divulgação mais assertiva que a de seus singles anteriores. Só assim a colombiana vai tirar seu nome do ostracismo que se encontra e garantir que tenha uma plateia de peso quando El Dorado ganhar, finalmente, seu lugar nos palcos.